O primeiro bate-papo do ano do Vez & Voz esclareceu o tema
Elas tinham um encontro marcado às 17h30 da tarde dessa quarta-feira (04), se preparam e compareceram para falar de um assunto extremamente delicado, que ocorre com muitas mulheres no mundo corporativo: o assédio sexual no trabalho.
“Temos que enfrentar juntas esse tipo de situação. A sociedade já demonstrou que não tolera mais isso”, disse Ana Jarrouge, presidente executiva do SETCESP.
Convidada para explicar o assunto, a Dra. Tatiana Maranesi, Juíza no Tribunal Regional do Trabalho - TRT da 2ª Região, falou o que caracteriza este tipo de crime. “O assédio sexual é uma conduta, seja com gestos, propostas ou mensagens de natureza sexual, que constrange e ofende a dignidade e a honra”, informou.
A magistrada contou que no trabalho se qualifica como chantagem ou forma de intimidação, e pode ocorrer de modo vertical, quando entre chefe e subordinado ou horizontal, quando se dá entre pares – colegas de trabalho.
Ela revelou algo que a maioria das participantes do Vez & Voz já suspeitavam: “em nove anos em que trabalho na 1ª Vara do TRT eu vi apenas um caso de assédio sofrido por homem, a imensa maioria são todas vítimas mulheres”.
Também alertou que grande parte dos casos ocorrem na surdina, mas que sim, é possível reunir provas como bilhetes, e-mails, mensagens em redes sociais, áudios e gravações que configuram o crime.
Durante a conversa as participantes relembraram um recente episódio que aconteceu na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), sofrida pela deputada Isa Penna (PSOL), em que a gravação virou prova cabal do ocorrido.
Maranesi ainda explicou as diferenças entre o assédio moral e o sexual. “No assédio moral existe uma diminuição da vítima, ao passo que, no assédio sexual, há uma vantagem clara para o agressor, como forçar um encontro, por exemplo”.
Com relação às empresas, a juíza deixou claro as orientações de que se houver alguma denúncia, é preciso investigar a fundo e separar imediatamente a vítima do agressor.
“Só haverá diminuição do assédio sexual se houver mais denúncias, e para haver denúncias também é preciso que haja sororidade entre nós mulheres, o apoio de uma para com a outra é fundamental. Se tem uma situação em que não há reciprocidade em um flerte, isso já é motivo para quem está próximo ligar o alerta”.
Para finalizar, a participante Elaina Ferreira lembrou que “é preciso destacar ao máximo que a culpa não é da vítima, não é do decote que ela usa, da roupa justa ou da sua simpatia, a culpa é e sempre será do agressor”.
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