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Priscila Zanette: 'Toda a diversidade faz com que as empresas sejam mais rentáveis'


Divulgação: GMI

Iniciei no transporte com 17 anos, na empresa que é familiar fundada pelo meu pai: a Ouro Negro Transportes. Em novembro de 2012, ele faleceu em decorrência de um câncer.

Eu, como eu era a filha mais velha, na época, a única que atuava na empresa, assumi à frente dos negócios. Mas é claro, que já havia uma estrutura formada que me possibilitou isso.

Por mais que eu tenha ficado os últimos anos ao lado dele, e eu assessorava o meu pai o tempo inteiro, é diferente ser a titular ao invés de ser reserva.

Quando assumi como CEO tive muitas dificuldades em impor minhas opiniões. Isso tanto por ser nova quanto por ser mulher. Até por essa razão que hoje tenho poucas pessoas aqui que eram da época do meu pai.

Essas pessoas estavam acostumadas a acharem que sabiam de tudo muito mais do que eu. Para eu colocar o meu estilo de gestão tive que ir cortando algumas delas. Ou fazia assim, ou eles iriam me engolir.

Diferentemente de alguns filhos de empresários que ficam prontos para depois assumir, no meu caso foi de bate pronto. Uma vez ouvi durante uma demissão: “que pena que não é você que sabe ganhar dinheiro aqui”.

Aí respondi, “que bom que isso não é mais problema seu, e sim meu”.

Em vários momentos pensei em desistir. Já houveram umas três vezes que eu quis colocar meu cargo à disposição, mas tanto os consultores, quanto a minha família, nunca acharam minha saída como a melhor decisão para empresa, falam sempre: o problema não é você, segura as pontas.

Eles enxergam talentos em mim que às vezes eu não vejo, porque a gente se autossabota.

Um dos maiores desafios que o meu trabalho exige é conciliar a receita e os custos, que estão cada vez mais elevados. Especificamente na carga fracionada, a gente trabalha muito com mão de obra, então engajar as pessoas também é bastante complicado.

Acervo pessoal

Até os 32 anos de idade a minha vida pessoal e profissional era tranquila e a empresa era em primeiro lugar, mas quando tive meu filho, as coisas mudaram, comecei a ser mais flexível.

Quando eu estou com meu filho, tento não deixar a vida profissional interferir. Mas é óbvio, que se acontece alguma coisa fora do normal, aí eu sigo acompanhando. Vou dosando minha atenção entre isso e aquilo.

A Priscila de hoje é muito diferente da de anos atrás. Eu aprendo cada dia mais.

Vejo que eu estou muito além do que eu imaginava. Mas se estou realizada profissionalmente? Isso não. E acho que nunca vou estar.

Sempre acho que a empresa deveria estar maior e com melhores resultados. Eu estou sempre inquieta com isso.

Tem muita coisa para correr atrás como empresa e como profissional.

Divulgação: GMI

Ter mulheres na liderança deveria ser algo muito natural. Aqui na Ouro Negro, o importante para mim é a pessoa como indivíduo e a entrega do resultado.

Esta é a cultura da nossa empresa até porque, já temos mulheres na liderança.

Mas quando eu saio daqui e comparo com outras empresas do setor, vejo que precisa mudar a mentalidade de quem está no topo da cadeia de transporte. Falta essa mudança de mindset.

Muitos enxergam a mulher apenas como se fosse um acessório que pode embelezar algum tipo de coisa. Quando tem mulheres no lugar é raridade falar da competência, quase sempre é apontada a beleza.

Observo nas entidades, e elas dão muito o ritmo do nosso setor porque representam as empresas, ainda há pouquíssimas mulheres.

Acho que a gente tem que mostrar com dados que a mulher, aliás toda a diversidade, faz com que as empresas sejam mais rentáveis. É isso que vai chamar atenção. Acho que é preciso mostrar esses resultados.

As mulheres têm muito potencial, prestam atenção aos detalhes do negócio e trazem leveza e organização. Ao lidar com os recursos humanos são mais sensíveis. Na parte de cooperação são mais colaborativas.

O transporte rodoviário de cargas é muito dinâmico e multi tarefas e a mulher tem essa capacidade de desenvolver vários papéis.

Enfim... meu desejo é que o nosso setor consiga perceber isso.

O Vez & Voz é uma ideia brilhante, um movimento que vem fortalecendo cada vez mais as mulheres no transporte e abrindo um caminho de transformação. Eu estou junto para ampliar cada vez mais esse movimento. Contem comigo.


Por Priscila Zanette, CEO na Ouro Negro Transportes

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