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Luciana Alves: “Tem espaço para a mulher, mas falta a gente aparecer”

Luciana Alves Conlog
Acervo pessoal

Trabalho numa transportadora há sete anos. Nunca tive preconceito por aqui. Pelo contrário, me sinto muito querida. Semana passada, uma colaboradora que me conhece desde que cheguei na empresa, me disse: Lú, deveriam ter mais mulheres aqui dentro como você.

Concordo, sem falsa modéstia. Realmente, deveria.

Pelo fato de a minha mãe sempre ter trabalhado em hospital, acabei escolhendo o curso de enfermagem para iniciar minha vida profissional. Fiz estágio em laboratório e cuidei de pacientes em domicílio. Até que veio a decisão de me mudar para Santa Catarina.

Sou natural de Porto Alegre/RS. Com a mudança, fui trabalhar na parte administrativa de uma rede de lojas de tintas. Fazia o recrutamento e seleção de pessoas. Passado um tempo, a rede entrou em crise, e os donos resolveram fechar as portas.

Eles sentaram e conversaram comigo: você será desligada, mas antes precisamos que você nos ajude a desligar todo mundo.

Já sabendo disso, como meu trabalho na época tinha a ver com departamento pessoal, estava cursando faculdade de RH, e uma colega de turma comentou que tinha vaga na Conlog.

Mandei currículo, participei do processo para a vaga, fui selecionada e comecei a trabalhar como assistente de RH. Gostava da área da saúde, mas também aprendi a gostar da parte administrativa de uma empresa. Então, achei no RH um meio-termo.

Tempos depois, fui promovida na Conlog para o departamento financeiro, e hoje, faz dois meses que assumi um cargo de liderança. Minha trajetória aqui na empresa foi de crescimento.

Luana Alves Conlog
Acervo pessoal

Fui conhecendo setores, conhecendo o pessoal todo, porque a empresa é grande e eu não sabia nada de logística. Agora, também estou aprendendo as atividades que envolvem este novo cargo que recém-assumi.

Quando eu não estou aqui e encontro com algum caminhão rodando, é uma satisfação enorme, porque vejo que faço parte de tudo isso que é a Conlog.

No dia a dia aqui da empresa, nossa maior dificuldade é sempre superar a expectativa do cliente. Algumas demandas variam bastante e a gente precisa estar sempre a postos. As contratações de fim de ano são um desafio, a mão de obra fica mais escassa porque é uma cidade bastante turística.

Luciana Alves Conlog
Acervo pessoal

Hoje, nessa filial da empresa, há poucas mulheres. Cinco mulheres, e a quantidade de funcionários gira em torno de 160 pessoas.

Só que quando eu estava no RH, também não via muitas mulheres procurando por nossas vagas, acho que elas já pressupunham que não se enquadravam no perfil. Era raro encontrar um currículo de mulher. Tenho para mim que elas ficavam receosas.

Quando colocamos vagas para motorista, não aparece nenhuma para se candidatar. O que falo é dessa região, porque vejo que outras filiais têm mulheres dirigindo.

O que é uma pena, porque as mulheres que estão na Conlog conseguem ter oportunidade de crescer, de ir para cargos de liderança. Já trabalhei em outras empresas em que isso não era possível. Temos uma diretora mulher, ela inclusive inspira várias mulheres da nossa empresa também.

Então, para as mulheres, meu conselho é de que elas não desistam dos seus sonhos. Nunca. Jamais. Sonhar sempre. Sou uma sonhadora. Além de ser mulher, sou negra e estou dentro de uma empresa onde tenho um cargo de liderança. Me orgulho disso.

Eu já sonhava em chegar aqui, mas o que faltava era oportunidade. Quando ela chegou, eu agarrei.

Nós mulheres precisamos ir realmente à luta, vestir a camisa, nos inscrever nos processos seletivos e enviar currículo. Deixar de ter este medo, ou receio de achar que o transporte não é para gente. Dentro das transportadoras, nós somos muito bem recebidas e no setor tem vários movimentos nos apoiando também.

Tem espaço para a mulher, mas falta a gente aparecer.


Luciana Alves, analista financeira da Conlog

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