Neste relato, vamos explorar como enfrentar desafios e buscar aprimoramento continuo pode transformar dificuldades em oportunidades, com o planejamento sendo o ponto de partida para conquistas reais e duradouras.
Iniciei minha carreira no setor de logística em agência de navegação, ramo que atua diretamente com transporte marítimo, exercia atividades voltadas para documentação de importação e exportação, assim como despachos aduaneiros. Encantada com este universo de comércio exterior resolvi buscar conhecimento técnico para melhorar minha performance, fiz um curso de Comércio Exterior e conquistei um estágio no Tecon, um dos maiores terminais logísticos da América Latina, no final do estágio fui contratada como trainee de planner, trabalhando diretamente com recebimento e consolidação de cargas nos navios.
Vivendo cada vez mais esse mundo, senti a necessidade de mais conhecimento, então decidi fazer graduação em direito, entendendo que o direito marítimo poderia ser um caminho.
E no meio do caminho, casei! Fomos morar no Rio de Janeiro, onde, já formada, tive a experiência de trabalhar em um escritório de Direito Marítimo, mas o tempo não parou e fomos para Santos, onde meu marido tinha recebido uma proposta para trabalhar em um terminal marítimo que estava inaugurando, porque, sim, ele também é da área logística.
Em Santos, acabei aceitando outro desafio. Fui trabalhar na CMA CGM, um grande armador, onde fiquei responsável pela centralização da área de prontidão de carga.
Depois de um tempo, eu tive que voltar para Rio Grande do Sul, foi uma decisão muito difícil. Profissionalmente, estava muito bem lá e tive medo de voltar para o zero.
Vim embora com o coração muito apertado, mas foi uma questão de saúde na família, então precisei fazer isso.
Daí iniciei um trabalho aqui no Sul em um Depot (terminal de contêineres), onde tinha que cuidar de contêineres para as expedições de exportação. Fiquei por algum tempo até que recebi um convite para trabalhar na Transeich comprada depois pela BBM, onde estou hoje.
Posso te dizer que meu maior desafio profissional foi na BBM. Quando cheguei para a entrevista do processo seletivo, havia mais 14 pessoas. Era a única mulher. Até pensei comigo mesma: – O que estou fazendo aqui? Respondi mentalmente – o mesmo que eles. Dos 15, ficamos em sete, dos sete, ficamos em três.
E o cargo era para gerente de operações. Na última entrevista me concederam a vaga. No dia que eu estava assinando o contrato, vi que estava assumindo uma função de gerente geral. Voltei e disse: – acho que tem algo errado, a minha vaga é para gerente de operações.
Então, o diretor que me entrevistou falou: “Era para o gerente de operações, nós estamos mudando o escopo e tu vais assumir uma função maior”. Falei – OK, mas eu não sei tudo. Terei que aprender. Você consegue esperar que eu aprenda? Ele disse, “claro”.
Imagina, eu entrei para gerir quatro homens gestores, inclusive aqueles que estiveram no processo seletivo junto comigo. E nisso foi impacto para todo o time.
Minha primeira preocupação foi pensar em como eu os traria para o meu lado. Foi difícil, porque no início eles não reportavam quase nada para mim.
Aí comecei a perguntar. Fui ver onde estavam as crises, os piores problemas. Percebi que faltava processo, que não havia controles definidos e o cliente estava extremamente estressado.
Naquele momento, sentei ao lado de cada colaborador para entender as dores e o trabalho deles. Descobri que entregávamos tudo, mas com um custo elevadíssimo.
Não adiantava trazer, de uma vez, 100 contêineres se tínhamos apenas capacidade para estufar 15 e isso resultaria, lá na frente, em retrabalho por conta das realocações.
Se não temos um processo definido, nunca teremos bons resultados. E para alcançar os objetivos é preciso sentar e planejar.
O maior desafio dentro de qualquer operação são as pessoas. Porque todo dia essas pessoas precisam estar bem e com vontade de trabalhar, durante as 8 horas de sua jornada.
Tenho uma vida corrida, mas eu não deixo de fazer aquilo que eu quero. Gosto muito de esportes como: beach tênis, padel, bike, musculação, algo que visa melhorar nossa saúde mental e física. Jogar é minha terapia!
Minha filha tem 11 anos, a Carolina, e também está nesse esporte, então ela entende e compartilha dessa minha paixão.
Talvez por ser sempre muito direta, não me sinta intimidada.
Minha atuação até pouco tempo era só operacional. Eu pensava comigo: – preciso crescer.
Em conversa com um diretor, que não está mais na BBM, ele sugeriu que eu trabalhasse mais minhas habilidades comerciais. Ele falou: “Aline aceite o desafio, faça você!”
Aí tive uma oportunidade, um colega tocou no assunto de que precisava de um armazém. Corri atrás, marquei uma reunião, trouxe a pessoa da decisão aqui. Vendi aquilo que eu entrego. Mostrei o sistema e tudo o que temos. Fiz a proposta e seguimos com um contrato.
A verdade é que as mulheres precisam de mais oportunidades no setor de logística e armazenagem, sendo assim criando novas oportunidades para o setor de gestão.
Me pergunto se não falta um trabalho nas empresas para identificar mais perfis de mulheres gestoras. Será que elas estão escondidas em algum lugar? Então, pode ser um ponto de reflexão que a gente deve pensar como empresa.
Toda essa situação precisa ser compartilhada com os homens, os movimentos de apoio às mulheres até podem ajudar nisso, mas precisamos trazê-los para essa conversa. Isso é uma solução que se busca juntos.
Aline Phonlor é Gerente de Terminais e Armazéns na BBM Logística.
Comments