Com patrocínio do Banco Votorantim S.A, por meio da Lei de Incentivo Cultural, o Museu do Samba apresenta a exposição “A Força Feminina do Samba” na Semana da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. Sob curadoria de Nilcemar Nogueira, o acervo reúne a historiografia do samba sob a liderança de mulheres negras como Tia Ciata, Clementina de Jesus, Dona Ivone Lara, Leci Brandão, Alcione. A mostra fica em cartaz de 29 de julho a dezembro de 2023.
No Brasil, as mulheres negras compõem 28% da população brasileira, no entanto, a participação ativa na história do samba e nas reivindicações de espaços de decisão ainda é inviabilizada. A proposta da exposição é mergulhar nas histórias de sambistas que têm consolidado o gênero samba, patrimônio imaterial da cultura nacional, através de sua ancestralidade.
Através do acervo, a trajetória de figuras femininas ganha holofote através de músicas, artes plásticas, literatura, figurinos, indumentárias, entre outros. Além disso, a mostra estimula a reflexão sobre o racismo, o machismo e a falta de oportunidades e presença de mulheres negras em cargos de destaque na sociedade.
Em destaque, a curadora compartilha a importância de exposições como essa para fortalecer o empoderamento feminino, principalmente de mulheres pretas, em todas as esferas sociais. “as mulheres pretas na maioria são provedoras de suas famílias, responsáveis por educar, transmitir saberes, uma luta quase sempre invisibilizada”, contou.
Na inauguração da exposição, as Matriarcas do Samba, grupo formado por Nilcemar Nogueira, Geisa Keti, Vera de Jesus e Selma Candeia, que são, respectivamente, neta de Cartola, filha de Zé Keti, neta de Clementina de Jesus, e filha de Candeia, fazem um show de abertura. A apresentação abre a temporada de shows em homenagem às vozes femininas do samba como Clara Nunes, Beth Carvalho e Jovelina Perola Negra.
Para Geisa Keti, 58 anos, cantar na abertura da exposição é “Fortalecer a presença da mulher no samba é preservar e difundir a história de grandes referências femininas do samba para as novas gerações”.
Acervo Virtual
Junto a abertura da exposição, o Museu do Samba lança um ambiente virtual no próprio site com depoimento das vozes femininas presentes no acervo. Além disso, o público online também encontra depoimentos sobre outros segmentos do samba no documentário Damas do Samba da cineasta Susanna Lira, exposto no Museu do Samba.
Ficha Técnica
Idealização e Curadoria: Nilcemar Nogueira
Texto Exposição: Gisele Macedo e Nilcemar Nogueira
Projeto Expográfico: LICAAA – Lilian Sampaio
Assistente de Cenografia: Letícia Nasser
Revisão de texto: Lília Guttman
Assistente de Pesquisa: Mariana Zampier, Talita de Souza e Joanna Patroclo
Educativo: Aleine Freitas e Eduarda Angelim
Filme documentário “Damas do Samba”: Susanna Lira
Fotografia: Mariza Lima, Valéria Del Cueto e Wigder Frota
Fotográfa Assistente: Drica Monteiro
Assistente de Produção: Saionara Pontes
Cenotécnica: B Larte
Iluminação: Manoel Messias
Sonorização: Iramá Gomes
Design e comunicação: Giovana Palladini, Renata Mattos, Bady Cartier e Natasha Oliveira
Guerreiras do Samba que estão na exposição
Tia Ciata, Maria Moura, Dona Zica, Dona Neuma, Surica, Tia Eulalia, Tia Glorinha, Tia Nilda, Tia Gessy, Rosa Magalhaes, Maria Augusta, Selminha Sorriso, Nilce Fran, Jovelina Perola Negra, Dona Ivone Lara, Beth Carvalho, Leci Brandao, Alcione, Ludmila Aquino, Ruça, Angela Nogueira, entre outras.
Sobre as Matriarcas do Samba
Inspirado na obra, nas lutas e conquistas de seus pais e avós, o grupo é formado por Nilcemar Nogueira, Geisa Keti, Vera de Jesus e Selma Candeia, que são, respectivamente, neta de Cartola, filha de Zé Keti, neta de Clementina de Jesus, e filha de Candeia. Com o samba no DNA, suas histórias familiares ajudaram a compor a trajetória do MPB e da cultura popular. Descendentes diretas de uma ilustre linhagem de sambistas, elas decidiram se unir nos palcos e criaram o grupo Matriarcas do Samba.
“No palco vamos cantar e contar a história do samba por meio do legado de nossas famílias. Desde Tia Ciata, matriarca fundamental para o surgimento e proteção do samba carioca, aos tempos em que o gênero dialoga com o Cinema Novo, critica a ditadura e as desigualdades e se legitima no cenário cultural e musical do Brasil, de maneira sempre atual e pulsante. O Matriarcas do Samba é mais do que um grupo musical, é uma forma de levar à frente lutas que vão além da cultura e da arte – como o combate ao racismo e a valorização das mulheres”, explica Nilcemar Nogueira, 64 anos, neta de Dona Zica da Mangueira, fundadora do Museu do Samba e idealizadora do grupo.
O Museu do Samba funciona de segunda a sexta, das 10h às 17h; e, aos sábados, das 10h às 16h. A entrada custa R$ 20 (inteira).
Fonte: Sambando